Sobre o Filme "Insônia"


O equívoco de alguns ao assistirem "Insônia" (2002) é esperar que, por ser de Christopher Nolan, ele seja um grande suspense cheio de peças com quebra-cabeças e um plot twist "mindfucker".
Mas os que curtem o bom suspense sabem que não se precisa complicar muito uma história e enchê-la de surpresas e reviravoltas para que ela seja boa. 
Filmes do mestre do suspense, Hitchcock, como "Pacto Sinistro", "Festim Diabólico" e "Janela Indiscreta" estão aí pra provar isso, assim como outros clássicos de suspense com enredos simples como "A Mão que Balança o Berço".

Concentrando nos interessantes personagens e as interações no mínimo inusitadas que tinha em mãos, Nolan preferiu não cair na armadilha em que M. Night Shyamalan caiu ao fazer dois filmes seguidos com plot twists e acabar ficando "preso" a esse estigma. 
Ao invés disso, depois de filmar "Amnésia" com seu estilo narrativo inusitado e uma reviravolta de cair o queixo, ele optou por um suspense simples - que em certos pontos até lembra o supracitado "Pacto Sinistro" - e bem executado.

Mas mesmo com um enredo não tão inovador assim,
Nolan consegue fugir do clichê do suspense que presume utilizar a escuridão como método de caracterizar o medo do desconhecido. Ao invés disso ele aproveita o que o roteiro tem de mais interessante - a ausência de períodos noturnos -  e criar sequencias de suspense incríveis como a busca na névoa ou a perseguição em cima dos troncos na água, e ainda mexer com o psicológico do protagonista ao aproveitar sua insônia provocada pela claridade e fazer-nos questionar a habilidade do personagem de conseguir lidar com o perigo que enfrenta. 

E claro, que nesse trabalho, as atuações de Al Pacino, Robin Williams e até a Hillary Swank (aqui relegada a um papel um tanto clichê, mas ainda assim colocada de forma interessante no enredo) foram fundamentais para um resultado final digno.

Assim, Nolan cria um suspense que não se preocupa em agradar o público que gosta do suspense fácil ou a intensa busca pela "surpresinha no final", ao invés disso, ele prefere mexer com o psicológico do público e dos personagens e nos entregar uma obra de suspense correta e bem amarrada (E essas são virtudes que, não importa o que diga o hype e os que consideram "Insônia" o filme mais fraco do Nolan, faltam ao grandiloquente "Cavaleiro das Trevas Ressurge", por exemplo).

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